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Orientação médica e exames são fundamentais para prática segura de exercícios físicos, dizem especialistas

Exames são fundamentais antes de iniciar atividades físicas A prática de exercícios físicos, indicada como um hábito que traz inúmeros benefícios à sa...

Orientação médica e exames são fundamentais para prática segura de exercícios físicos, dizem especialistas
Orientação médica e exames são fundamentais para prática segura de exercícios físicos, dizem especialistas (Foto: Reprodução)

Exames são fundamentais antes de iniciar atividades físicas A prática de exercícios físicos, indicada como um hábito que traz inúmeros benefícios à saúde, também requer cuidados. Iniciar uma rotina de atividades físicas sem orientação médica e avaliação de condições existentes pode levar a riscos graves para a saúde, como a ocorrência de infartos e mal súbito. Nesta segunda-feira (13), Cristiano Silva Ho ortao, de 44 anos, morreu em uma academia, em Fortaleza, depois de concluir os exercícios físicos. Inicialmente, a suspeita é que ele tenha sofrido mal súbito. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp O caso foi registrado em boletim de ocorrência, e a causa da morte deve ser confirmada após liberação do laudo pericial, conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). A academia Gaviões informou que Cristiano Silva Honorato havia finalizado o seu treino e não utilizava nenhum equipamento no momento em que passou mal. O estabelecimento também afirmou que aguarda o laudo oficial para a confirmação da causa da morte. Homem morre durante exercício físico em academia em Fortaleza O caso acende um alerta sobre a ocorrência do mal súbito durante a prática dos exercícios físicos. O g1 conversou com especialistas para compreender o que é o mal súbito e quais os cuidados para prevenir este tipo de episódio. O que é o mal súbito O mal súbito acontece quando a pessoa tem uma parada cardíaca de forma inesperada. Este episódio pode levar à morte súbita. No entanto, é possível que a pessoa acometida receba atendimento e sobreviva sem sofrer sequelas. De acordo com Mateus Feitosa, cardiologista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, essa parada cardiorrespiratória acontece, muitas vezes, sem nenhum outro sintoma, como dor no peito ou falta de ar. O termo é utilizado para quando alguém perde repentinamente a consciência ou entra em colapso sem motivo aparente, complementa Bruno Cavalcante, especialista em clínica médica e preceptor da Universidade Federal do Ceará (UFC). “É como se o corpo, que vinha funcionando em modo automático, de repente desligasse o sistema. Um curto-circuito inesperado”, compara Bruno. Causas mais frequentes Doenças cardíacas estão associadas aos riscos de mal súbito Getty Images A ocorrência do mal súbito está associada tanto às causas genéticas como aos fatores externos, também conhecidos como causas adquiridas. Dentre as causas genéticas, há doenças cardíacas que deixam o paciente predisposto a sofrer um mal súbito. Segundo Mateus Feitosa, uma destas condições genéticas é a cardiomiopatia hipertrófica, presente em um a cada 250 nascidos vivos. O histórico familiar também é importante: ter parentes de primeiro grau que tiveram morte súbita antes dos 50 anos é um fator de risco. Como explica o cardiologista, estas condições e doenças podem não ser percebidas até que a pessoa realize exames. Até mesmo um histórico familiar de altos níveis de colesterol podem aumentar os riscos do paciente. “Até mesmo o paciente que nunca mediu a pressão, nunca mediu açúcar no sangue, que não tem um diagnóstico de hipertensão nem de diabetes… E essas doenças descontroladas também podem levar a um infarto precoce”, exemplifica. Fatores externos, como uma queda de pressão ou hipoglicemia (níveis baixos de açúcar no sangue), também podem levar a um episódio de mal súbito, aponta Bruno Cavalcante. O médico explica que outras causas graves também estão associadas, como embolia pulmonar e até um aneurisma cerebral. Ele resume que o mal súbito representa uma falha abrupta de algum dos sistemas vitais do corpo. Atenção aos sinais Os casos de mal súbito são mais frequentes em pacientes com idades a partir dos 40 ou 50 anos. Pessoas jovens com condições hereditárias ou expostas a fatores de risco também estão mais propensas a estes episódios. Mesmo podendo chegar sem nenhum aviso, é possível que o corpo apresente alguns sinais antes de um mal súbito, gerando um alerta para que a pessoa se cuide e evite a exposição aos riscos. LEIA TAMBÉM: Homem morre durante exercício físico em academia em Fortaleza Quais sinais o corpo dá de que algo está errado durante a corrida e outros exercícios físicos? Quando o ideal estético passa a colocar a saúde em risco? Os perigos dos anabolizantes Em casos de arritmias ou doenças coronarianas, o paciente tende a manifestar sintomas como desmaios, palpitações e dores no peito, segundo Mateus Feitosa. No entanto, os casos em que os sinais e sintomas não se manifestam são mais difíceis de detectar. Para isso, Mateus ressalta a importância de avaliações clínicas e exames físicos. De acordo com Bruno Cavalcante, outros sinais possíveis são tonturas, falta de ar, suor frio, visão escurecida, enjoo ou fraqueza intensa. Para o médico, o essencial é escutar quando o corpo avisa. O que fazer em caso de mal súbito Segundo Mateus Feitosa, é possível passar por um mal súbito e sobreviver sem nenhuma sequela. Isso acontece quando a pessoa acometida tem acesso a um salvamento rápido e eficaz. ➡️ Por exemplo: utilizar um desfibrilador automático, que pode ser manuseado até por leigos, e a execução imediata de manobras cardíacas. Esta resposta rápida pode ser essencial para que a pessoa consiga se recuperar e não sofrer com sequelas neurológicas após o episódio. “À medida que os minutos vão se passando sem que haja uma compressão cardíaca, ou a massagem cardíaca, como é dito no popular, o sangue não vai para o cérebro, e começa a existir a morte das células do cérebro, dos neurônios”, explica o cardiologista. As sequelas possíveis são: coma persistente, dificuldade ou ausência de movimentos em algumas partes do corpo, incapacidade de comunicação e morte encefálica. Cuidados antes de começar exercícios físicos Cuidados e orientação médica são essenciais para evitar riscos durante a prática de exercícios físicos Reprodução/TV TEM A prática dos exercícios físicos pode ser um risco para pessoas que tenham alguma predisposição a passar por episódios de infarto ou acidentes cardiovasculares. Conforme o cardiologista, a atividade física aumenta a frequência cardíaca, forçando o órgão a tentar suprir a demanda exigida pelo resto do organismo. Por isso, Mateus orienta que o primeiro passo é buscar atendimento médico antes de começar a fazer exercício físico. Com avaliação clínica e exames complementares, é possível descobrir condições e doenças do paciente, buscando evitar lesões e riscos para a saúde. Este momento pode incluir a avaliação do histórico do paciente, exames físicos, eletrocardiograma, exames laboratoriais e, dependendo do caso, teste ergométrico ou ecocardiograma. Uma vez que a pessoa for liberada a prática dos exercícios, o apoio de uma equipe multidisciplinar também será importante, dependendo da condição do paciente. ➡️ Alguns exemplos são: um nutricionista para a prescrição de uma dieta adequada à composição corporal, um educador físico que oriente atividades dentro dos limites físicos, além de outras especialidades, como endocrinologista, nutrólogo e cardiologista. Segundo o médico Bruno Cavalcante, outros fatores podem aumentar os riscos durante a prática de atividades: o calor excessivo, a desidratação e, até mesmo, o treino feito em jejum. "Muita gente acha que, por se sentir bem, não precisa passar por um médico. Mas várias doenças, especialmente cardíacas, podem ficar anos sem dar sintomas. O check-up médico antes do exercício é o momento de identificar fatores de risco, ajustar a intensidade do treino e evitar surpresas desagradáveis", orienta Bruno. Ele ressalta os exercícios físicos funcionam como uma 'medicação'. "Como todo remédio, precisa da dose certa para o paciente certo", acrescenta. ➡️ Algumas orientações do médico para seguir uma rotina de treinos evitando os riscos para a saúde incluem: manter os exames em dia, hidratar-se bem, respeitar os limites do corpo e evitar treinar doente, cansado ou em jejum. Riscos dos anabolizantes e esteroides No caso de Cristiano Silva Honorato, que pode ter sido acometido por mal súbito, não há informações divulgadas sobre doenças ou condições de saúde do aluno, bem como hábitos ou uso de substâncias associadas aos exercícios físicos. No entanto, Mateus Feitosa acrescenta um alerta que vale para todos: o uso de esteroides e anabolizantes é um fator que aumenta em duas vezes o risco de infartos, mal súbito e morte súbita. Como detalha o cardiologista, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu, desde 2023, a prescrição médica dessas substâncias para finalidades estéticas, de ganho de massa muscular e de melhora do desempenho esportivo de atletas profissionais ou amadores. Ainda conforme Mateus, o uso excessivo de substâncias de pré-treino sem uma orientação profissional também pode aumentar os riscos de infartos e mal súbito. Para ele, um cuidado a ser tomado pelo paciente é buscar esse tipo de orientação com profissionais que possuem Registro de Qualificação de Especialista (RQE) junto ao CFM, evitando profissionais que se intitulam como especialistas e oferecem tratamentos inadequados. “Muitas vezes, o paciente busca o profissional em busca de performance, de uma pílula mágica, um soro que dê a energia, dê a construção do ‘shape perfeito’, mas a gente sabe que não existe pílula mágica. Isso já é visto, há milênios, que o segredo da longevidade saudável é você ter a prática regular de atividade física, controlar esses fatores como obesidade, pressão, colesterol… É você ter uma dieta saudável”, conclui o cardiologista. Homem morre durante exercício físico em academia em Fortaleza Divulgação Assista aos vídeos mais vistos do Ceará:

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